Não sei por que, mas acho a minha cara esse poema.
TE OLHO NOS OLHOS
Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente
Eu te ensinei quem sou
E você foi me tirando
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade
De me inventar de novo
Desculpa se te olho profundamente, rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais
Nos seus traços
A ponto de ver a estrada muito antes dos seus passos
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos
Eu não vou renunciar a mim
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente.